Perguntei a um miudinho,
Com quem cruzei no caminho
Sentado numa pedrinha,
Que ao ver-me aproximar,
Seu rosto quis ocultar,
Limpando uma lagriminha.
Porque choras, criancinha?
Que fazes aqui sozinha,
Debaixo deste calor?
Eu vivo na amargura
E na minha desventura,
Hoje grito a minha dor.
Aquele que ali vai,
Faz as vezes de meu pai,
O meu morreu, eu não queria.
Este veio-me espancar,
Só porque me viu beijar,
A sua fotografia.
Mas eu trago-a sempre comigo,
Era o meu melhor amigo
E a guerra assim o quis.
Deixou-me desamparado,
Com um padrasto malvado,
Que me faz tão infeliz.
Diz-me sempre que sou feio,
Que sou filho do alheio,
Dói muito viver assim.
Sempre que rezo a Jesus,
Eu sinto que sai da cruz
E fica junto de mim.
Eu já só pensava agir
E o padrasto agredir,
Mas o petiz com sensatez,
Diz: - Não o queria condenar
Por ele me maltratar.
Não faça o mal que ele me fez.
Minha mãe sempre me amou,
Mas agora ela mudou,
Não quer saber mais de mim.
Mas eu vou sempre amar
E vou sempre perdoar,
Maltratado mesmo assim.
Eu descobri nesse dia
E para minha alegria,
Nunca mais que me esqueceu.
Porque entendi que afinal,
Não foi para fazer o mal,
Que Casimiro nasceu.
Ao ver que o compreendi,
Olha para mim e sorri,
Como um girassol abrindo.
Tocou-me o coração
E eu disse com emoção,
És lindo menino, és lindo.
(Retirado do meu livro "SUSPIROS")
Casimiro Costa