Podemos dar cor à vida,
Para que possa brilhar,
Mas só será colorida,
Se a soubermos pintar.
A vida é cheia de graça
E na graça que vai e vem,
Eu vejo muita desgraça,
Na graça que a vida tem.
Fosses tu então comprida,
Ou tão amarga não fosses,
Pois coisas boas da vida,
São sempre curtas e doces.
A vida anda e desanda,
E nunca faz marcha-atrás,
Tem a mania que manda,
Mas quem leva já não trás.
À porta estavam chamando,
Fui abrir, mas nada vi,
Era a saudade lembrando,
O quanto sofro por ti.
Esta saudade perdura,
Com tal dor que nunca vi,
Insistindo na amargura,
De ter que viver sem ti.
Mas aqui no meu pensar,
Nem sempre me vai ganhar,
Também tenho meu momento,
Ao sofrimento me obriga,
Mas não tem força que consiga,
Me calar no pensamento.
Faz um ano partiste,
Me deixaste só e triste,
A sofrer com ansiedade.
De sofrer nunca se gosta,
Mas sabes Soaras da Costa,
Eu gosto de ter saudade.
Eu sonho sempre contigo,
Que saudade, Pai amigo,
Mas nada posso fazer.
Sou feliz Só a sonhar,
E quando estou a acordar,
Quero logo adormecer.
As pedras que tu puseste,
Nas calçadas que fizeste,
São impossíveis de contar.
Se lhes faço transmitir,
A dor que estou a sentir,
Eu faço as pedras chorar.
Querido Pai eu cumpri,
Porque ao partires prometi,
Um altar para ti fazer.
É lá que falo contigo
E tantas coisas te digo,
Que ficaram por dizer.
Esta saudade é tristonha,
Chega mesmo a ser medonha,
Quando me ponho a pensar,
Que tenho uma netinha
E sabes, não me convinha,
Que me encontrasse a chorar.
No penar que Deus me deu,
Eu ergo os olhos ao céu,
Para a dor aliviar.
Faço da escrita oração
E abrindo o coração,
Eu me despeço a orar.