Por me veres pobre e pequeno
Humilde de olhar sereno
Pensas mais que eu saber
Não queres que a vida em ti mande
Mas nunca serás tão grande
Que não tenhas que aprender
Ser rico não é defeito
Sempre que haja respeito
Para o pobre não humilhar
Pobre não vai p’ro governo
Mas nunca é tão pequeno
Que não tenha que ensinar
Não te orgulhes da riqueza
Do que tens sem ser soado
Se entenderes a natureza
Vais ficar envergonhado
Prefiro um ignorante
Que um medico arrogante
Que não respeita meu sofrer
Vencer não é ter grandeza
Pois não vence a natureza
E tem que lhe obedecer
Desconfia se és sortudo
Com boa vida oferecida
O tempo também dá tudo
Mas por fim tira-te a vida
Para teres algum valor
Não precisas ser doutor
Nem teres vida amargurada
Basta ter sempre em presença
Que o amor faz a diferença
E o ódio não leva a nada
Quem inveja o meu viver
Tudo que tem a fazer
É trabalhar como eu
Mas invejoso não é capaz
E eu deixo-o para trás
Com o dom que Deus me deuNos relvados tu venceste
E lá a vida perdeste
Eu vivi minha condena
Eras jovem eras forte
Só não venceste a morte
E me deste tão triste pena
Ao despedir-te de nós
Estremeceste-me a voz
Ao fechares os olhos teus
Sabes meu caro amigo
Algo de mim foi contigo
Quando vi chorar os meus
Chorei fiquei a sofrer
Por a vida te ver perder
Deus te dê o paraíso
Foi dolorosa a partida
Ver-te despedir da vida
Com tão bonito sorriso
Sou portista cem por cento
Mas há algo que lamento
E me deixa sem resposta
Por tudo quanto foi feito
Tudo te mostrou respeito
Só não vi Pinto da Costa
Tu comoveste a nação
Serás sempre um campeão
Enquanto memória houver
Guardarei a tua imagem
Como exemplo de coragem
Dorme em paz Miki Fehér